Interação, inovação e sociedade em rede.

Por Augusto de Franco. 

Escritor, palestrante e consultor. Criador e um dos netweavers da Escola-de-Redes.

A Economia Criativa e a diluição das hierarquias são processos que estão acontecendo simultaneamente. Nessa transição, para evitar erros, é preciso diluir velhos conceitos e fazer algumas distinções importantes: descentralizar não é distribuir, participar não é interagir e os sites não são a rede em si. Conheça os princípios que estruturam as redes e saiba como cultivar ambientes realmente inovadores.

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Seria melhor assistir ao vídeo Murmuration do que ler este artigo. Mas, se você quiser, continue lendo (e descobrirá por que é melhor assistir ao vídeo).

Em geral, quando falamos de sociedade-em–rede e qualquer-coisa, falamos de qualquer–coisa e nos esquecemos de falar da sociedade–em-rede.

Ou então partimos do princípio de que todo mundo já entende o que é sociedade-em-rede. Mas não se pode entender sociedade-em-rede sem entender o que é rede. Três confusões – que a maioria das pessoas faz hoje em dia – dificultam o entendimento das redes:

  1. confundir descentralização com “distribuição”;
  2. confundir participação com interação;
  3. confundir o site da rede com a rede.

A primeira confusão

Ninguém pode entender o que é rede se não compreender a diferença entre “descentralização” e “distribuição”. O melhor caminho para entender tal diferença é ler o velho paper On Distributed Communications, que Paul Baran publicou em 19641. No mencionado texto, sugiro espiar diretamente a figura abaixo. Os diagramas de Baran são autoexplicativos. Mas as consequências que podemos tirar deles não.

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O primeiro corolário relevante é que a conectividade acompanha a distribuição. De maneira inversa, quanto mais centralizada for uma rede, menos conectividade ela possui. O segundo corolário relevante é que a interatividade acompanha a conectividade e a distributividade. Igualmente de maneira inversa, quanto mais centralizada é uma rede, menos interatividade ela possui. Essas leis regem o multiverso das interações e valem, portanto, para o que chamamos de sociedade-em-rede. Chamamos de “redes sociais” as redes que são mais distribuídas do que centralizadas. Por outro lado, as redes que são mais centralizadas do que distribuídas chamamos de “hierarquias”. É uma convenção, mas é uma convenção razoável.

A segunda confusão

Pouca gente se dá conta, mas, no sentido da convenção acima, as redes sociais são ambientes de interação, não de participação. Assim, não se pode entender a sociedade em rede sem entender a fenomenologia da interação. O diabo é que, em geral, estamos tão intoxicados pelas ideologias participacionistas do século passado que confundimos participação com interação.

Está aí a chamada web 2.0 para não me deixar mentir: tudo lá se resume a gostar, votar, preferir, adicionar, escrever dentro de uma caixinha e depois clicar em “enviar”. As caixinhas já estão prontas. Quando você clica nelas, guarda um pedaço do passado em algum lugar. E aí, babau! A interação já se perdeu, o fluxo já passou. Em geral, só os donos das plataformas têm acesso aos dados que você e todos os outros participantes jogaram nos alçapões que eles construíram. Essa é uma característica típica do participacionismo, em que há sempre uma oligarquia com poderes regulatórios aumentativos em relação aos poderes dos “usuários”. Eles podem programar nas plataformas, você não. Argh!

No processo de interação, é muito diferente. Nele, as coisas acontecem independentemente de nossas intenções de disciplinar o fluxo, guardá–lo, congelá-lo. E não dá para gerar artificialmente escassez introduzindo processos de votação ou preferência. No processo de interação, não dá para arrebanhar as pessoas em um espaço participativo para depois tentar conduzi-las para ali ou acolá.

O participacionismo foi uma espécie de tentativa de salvar do incêndio os esquemas de comando-e-controle. Foi um esforço para ficar fora do abismo da interação. A participação está para a interação mais ou menos como o Creative Commons está para o Domínio Público. Sim, entender a sociedade-em-rede é entender as redes, e entender as redes é entender a fenomenologia da interação.

A meu ver, as quatro grandes descobertas da nova ciência das redes foram os fenômenos associados à interação: o clustering, o swarming, o cloning e o crunching.

Clustering

Clustering: tudo que interage clusteriza.

Clustering: tudo que interage clusteriza.

A primeira grande descoberta é: tudo que interage clusteriza. Quando não entendemos o clustering, não deixamos as forças do aglomeramento atuar. Tudo clusteriza, independentemente do conteúdo, em função dos graus de distribuição e conectividade (ou interatividade) da rede social. Ao articular uma organização distribuída em rede, não é necessário predeterminar quais serão os departamentos, aquelas caixinhas desenhadas nos organogramas. Estando claro para os interagentes, qual é o propósito da iniciativa, basta deixar atuar as forças do aglomeramento.

Swarming

A segunda grande descoberta é: tudo que interage pode enxamear. Quando não entendemos o swarming não deixamos o enxameamento agir. Swarming (ou swarming behavior) e suas variantes, como herding e shoaling, não acontecem somente com pássaros (como vemos no vídeo Murmuration) ou com outros animais, como insetos, formigas, abelhas, mamíferos e peixes. Em termos genéricos, esses movimentos coletivos (também chamados de flocking) ocorrem quando um grande número de entidades self-propelled interagem. E algum tipo de inteligência coletiva (swarm intelligence) está sempre envolvido nesses movimentos.

Swarming: tudo que interage pode enxamear.

Swarming: tudo que interage pode enxamear.

Mas isso também ocorre com humanos, quando multidões se aglomeram (clustering) e “evoluem” sincronizadamente, sem condução alguma (nem pelas ordens brutas dos esquemas de comando-e-controle, nem pela doce indução inerente aos processos participativos). Sem a direção exercida por algum líder, quando muitas pessoas enxameiam, provocam grandes mobilizações. Sem convocação ou coordenação centralizada (como ocorreu em Madri em março de 2004 ou, mais recentemente, na Praça Tahir, no Cairo, em 11 de fevereiro de 2011).

Foto: Fabio Mota, do Estadão.

Teatro Municipal, Rio de Janeiro – Protestos de Junho de 2013. Você lembra? Foto: Fabio Mota, do Estadão.

Cloning

A terceira grande descoberta é: a imitação é uma clonagem. Quando não entendemos o cloning, não deixamos a imitação exercer seu papel. Como pessoas – gholas sociais –, todos somos clones na medida em que somos culturalmente formados como réplicas variantes (embora únicas) de configurações das redes sociais em que estamos emaranhados. O termo clone deriva da palavra grega klónos, usada para designar “tronco” ou “ramo”, referindo-se ao processo pelo qual uma nova planta pode ser criada a partir de um galho. E é isso mesmo: a nova planta imita a velha. A vida imita a vida. A convivência imita a convivência. A pessoa imita o social.

Cloning: todos somos clones na medida em que somos culturalmente formados como réplicas variantes (embora únicas) de configurações das redes sociais em que estamos emaranhados.

Cloning: todos somos clones na medida em que somos culturalmente formados como réplicas variantes (embora únicas) de configurações das redes sociais em que estamos emaranhados.

Sem imitação, não poderia haver ordem emergente nas sociedades humanas ou em coletivo algum que fosse capaz de interagir. Sem imitação, os cupins não conseguiriam construir seus maravilhosos cupinzeiros. Sem imitação, os pássaros não voariam em bando, configurando formas geométricas tão surpreendentes e fazendo aquelas evoluções fantásticas. Entendeu agora por que eu disse que era preferível assistir ao vídeo Murmuration a ler este artigo?

Quando tentamos orientar as pessoas sobre o quê – e como, e quando, e onde – elas devem aprender, nós é que estamos, na verdade, tentando replicar, reproduzir borgs: queremos seres que repetem. Quando deixamos as pessoas imitarem umas as outras, não replicamos; pelo contrário, ensejamos a formação de gholas sociais. Como seres humanos, somos seres imitadores.

Ficou estranho esse negócio de gholas e borgs? Te entendo completamente. Mas vou tentar te explicar a metáfora:

  • Gholas: imitações naturalmente absorvidas, pela interação e convivência em sociedade. Na ficção, eles são humanos artificiais, gerados por partes de humanos que “partiram dessa para uma melhor”.
  • Borgs: imitações reproduzidas, através da imposição de um padrão social. Na ficção, eles são a criação cibernética da raça “perfeita”.

Nada disso tem a ver com conteúdo. Nos mundos altamente conectados, o cloning tende a auto-organizar boa parte das coisas que nos esforçamos por organizar inventando complicados processos e métodos de gestão. Mesmo porque tudo isso vira lixo na medida em que os mundos começam a se contrair sob o efeito de crunching.

Crunching

A quarta grande descoberta: small is powerful. Quando não entendemos o crunching não deixamos os mundos se contraírem. Essa talvez seja a mais surpreendente descoberta-fluzz de todos os tempos. Em outras palavras, isso (small is powerful) quer dizer que o social reinventa o poder. No lugar do poder de mandar nos outros, surge o poder de encorajá-los (e encorajar-se): empowermentVocê deve estar se perguntando: mas o que é fluzz? Ora, fluzz é empowerfulness — a capacidade de empoderar as pessoas, através das pessoas!

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Quando detectamos o aumento da interatividade é porque os graus de conectividade e distribuição da rede social aumentaram; ou, dizendo de outro modo, é porque os graus de separação diminuíram: o mundo social se contraiu (crunch). Os graus de separação não estão apenas diminuindo: estão despencando. Estamos agora sob o efeito desse amassamento (small-world phenomenon).

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Outra vez: isso nada tem a ver com conteúdo. Tudo que interage tende a se emaranhar mais e a se aproximar, diminuindo o tamanho social do mundo. Quanto menores os graus de separação do emaranhado em que você vive como pessoa, mais empoderado por ele (por esse emaranhado) você será. Terá à sua disposição mais alternativas de futuro.

A esta altura, você, leitor deste artigo, pode estar se perguntando: mas esse cara – falando coisas tão estranhas… – será que não veio de Marte? E eu já respondo: se você não sabe essas coisas poderia viver tranquilamente em Marte, mas não na bioantroposfera deste planeta Terra. Porque em Marte não tem nada disso (presume–se). Mas aqui é assim, desde que existem a vida e a convivência social.

A terceira confusão

A terceira confusão que dificulta o entendimento das redes é a em relação aos sites da rede (a mídia) versus a rede. As redes sociais existem desde que existe a sociedade humana, quer dizer, pessoas interagindo (segundo a nossa convenção, interagindo em um padrão mais distribuído do que centralizado).

Pessoas podem interagir usando diferentes mídias: gestos e sinais, conversando presencialmente, por tambores (como faziam os pigmeus) ou por sinais de fumaça (como faziam os apaches), por cartas escritas em papel e levadas a cavalo (como foi feito no chamado Network da Filadélfia, que escreveu a várias mãos a Declaração de Independência dos Estados Unidos), por telefone fixo ou móvel (inclusive por SMS – e isso pode levar a verdadeiros swarmings, como ocorreu em Madri em 2004 ou na Praça Tahir, no Cairo, em 2011), por sites de relacionamento na internet (como o Orkut, o Facebook e o Twitter) ou por plataformas desenhadas para a interação (como o Ning, o Grou.ps, o Grouply, o Elgg, o WP Buddy – ainda que, na verdade, tais plataformas tenham sido desenhadas mais para a participação do que para a interação).

A tela do seu computador não é a rede.

A tela do seu computador não é a rede.

Ao confundir o site da rede com a rede estamos dizendo que não existe rede (uma realidade social) se não houver o site (um artefato digital). Ora, isso é absurdo. Não é o digital o responsável pela manifestação da fenomenologia da interação: “É o social, estúpido!”.

Mas o que a economia criativa tem a
ver com tudo isso?

Pois bem, tendo falado da sociedade-em-rede, vamos falar agora do qualquer-coisa em tela. No caso, da chamada Economia Criativa.

O que seria Economia Criativa em uma sociedade-em-rede? Seria uma economia em que os agentes econômicos são (individualmente) criativos? Ou seria uma economia organizada de tal modo que as constelações (de pessoas nela conformadas) são criativas?

Não, não é a mesma coisa. O social não é o conjunto dos indivíduos e, sim, o que existe entre as pessoas. Uma coleção de pessoas não é o mesmo que as configurações dos fluxos que elas formam. Assista ao vídeo. Perceba a criatividade emergindo em Murmuration. Você viu por acaso algum movimento repetido?

Bem, aí vem a segunda pergunta: é possível ter uma Economia Criativa em uma sociedade-em-rede com unidades econômicas, herdeiras da sociedade-hierárquica (e de massa), que não foram desenhadas para a interação?

Pois é… Nossas organizações foram desenhadas para obstruir, direcionar, aprisionar, disciplinar a interação, não para deixá-la fluir. É por isso que os esforços de tornar as empresas inovadoras – sem mexer, no entanto, no seu padrão de organização – são tão malsucedidos. Sim, em geral as iniciativas de implantar programas de criatividade e, inclusive, de articular redes de inovação em empresas, costumam dar errado.

Pink Floyd, Another Brick in the Wall. https://www.youtube.com/watch?v=YR5ApYxkU-U

Pink Floyd, Another Brick in the Wall. https://www.youtube.com/watch?v=YR5ApYxkU-U

Observando as experiências já empreendidas ou em curso, algumas razões para tal insucesso podem ser apontadas. Em geral, essas redes são urdidas artificialmente para seguir uma nova moda e são adotadas como um novo expediente de gestão corporativa que não altera os padrões de relacionamento entre as pessoas que habitam ou orbitam o ecossistema da empresa.

Diz-se que tais projetos de rede dão errado quando as redes programadas não conseguem existir por si mesmas, ou, em outras palavras, quando não conformam uma entidade self-propelled. Alguns indicadores desse tipo de insucesso podem ser captados quando as pessoas: não manifestam espontaneamente seu desejo de se conectar e interagir; não se interessam em compartilhar agendas por iniciativa própria, voluntária; e não frequentam com regularidade as ferramentas de netweaving instaladas, que ficam então ociosas, recaindo o trabalho de alimentá-las sobre uma equipe burocrática. É o fim.

Tudo o que você vai ler agora costuma dar errado. Então, se quiser aceitar meu conselho, anote aí para não fazer.

Redes implantadas top down por instâncias hierárquicas têm tudo para dar errado. É. Semente de rede é rede. Organizações hierárquicas (quer dizer, mais centralizadas do que distribuídas) não podem gerar redes.
Redes de instâncias hierárquicas em vez de pessoas têm tudo para dar errado. Redes sociais distribuídas são sempre de pessoas. Se você quiser conectar em rede organizações hierárquicas, você terá uma rede descentralizada (multicentralizada), não distribuída. Cada pirâmide que você conectar atuará na rede como um obstáculo ao fluxo ou como um filtro, só deixando passar o que está conforme aos seus próprios circuitos de aprisionamento, de looping, sem os quais ela não se teria constituído como organização hierárquica.
Redes de adesão compulsória têm tudo para dar errado. Sim, as redes distribuídas são ambientes de liberdade, de não obediência, de voluntariado. Se você manda alguém se conectar a uma rede e essa pessoa obedece, pode esquecer: ela só vai interagir quando você mandar de novo. E se você mandar de novo, você centralizará a rede, como é óbvio. Ela passará a ser uma hierarquia (uma rede centralizada).
Redes monitoradas pela direção da empresa a partir de padrões de comando-e-controle têm tudo para dar errado. É a mesma coisa do parágrafo anterior. Se você vai experimentar redes na sua empresa, deixe de lado essa obsessão de mandar nos outros, vigiá-los, puni-los ou recompensá-los.
Redes avaliadas com métricas fixas, estabelecidas ex ante, têm tudo para dar errado. De novo, é a mesma coisa dos dois tópicos anteriores. As redes são estruturas móveis que se auto-organizam, definem seus próprios caminhos (e redes são múltiplos caminhos: taí uma boa e econômica definição de rede distribuída) e traçam e modificam seus próprios objetivos. Elas podem, é claro, ter um objetivo inicial se forem voluntariamente articuladas. Por exemplo: estimular a inovação dentro da organização. Mas é preciso ver que, para tanto, no caso, elas mesmas têm de ser inovadoras. E, se forem inovadoras, elas introduzirão continuamente mudanças nos planos iniciais. Portanto, suas réguas não se aplicarão.
Redes com um escopo prefixado têm tudo para dar errado. Mais uma vez: é a mesma coisa dos três tópicos anteriores. Podemos saber como começa uma rede, mas não como ela vai se desenvolver. É um troço vivo, entende?
Redes corporativas fechadas aos stakeholders têm tudo para dar errado. Não existe rede distribuída murada, fechada, trancada com porta e fechadura. Se você quiser trancar, desatalhará clusters. Se sua empresa quer estimular a articulação de redes, ela deve estar preparada para entender como funcionam as membranas (já notou que tudo que é vivo, sustentável, nunca está separado do meio por paredes opacas, e, sim, por membranas?). Isso exige um entendimento de que a empresa não é a unidade administrativo-produtiva isolada, e, sim, uma comunidade de negócios configurada na rede de seus stakeholders. A empresa só adquirirá sustentabilidade se funcionar mais ou menos como um organismo vivo, que não existe fora de seu ecossistema (já notou que tudo que é sustentável tem o padrão de rede?). Então? É preciso pensar no ecossistema da empresa.
Redes que confundem as ferramentas com as pessoas, tomando as mídias sociais (plataformas, sites, portais e outros mecanismos de comunicação) pelas redes sociais, têm tudo para dar errado. Isso mesmo. Como disse anteriormente, redes sociais são pessoas interagindo, não ferramentas. Ferramentas de comunicação são mídias, não redes sociais. Mesmo quando lançamos mão de plataformas interativas para fazer netweaving, temos que estar cientes de uma coisa tão óbvia que deveria ser até desnecessário repetir: o site da rede não é a rede!

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Tecer redes é alterar um padrão de organização (mais distribuído do que centralizado) no sentido de mais distribuição, mas não de adotar um novo tipo de organização ou uma nova ferramenta. Um padrão de organização mais distribuído do que centralizado configura um ambiente mais favorável à interação. Um ambiente mais interativo aumenta as chances de inovação. Ponto. Esse deveria ser, portanto, o objetivo dos que querem estimular a criatividade e fomentar a tal economia criativa.

Para tanto, não adianta criar programas (ou mesmo “redes”) de inovação em empresas se o ambiente da empresa não for inovador. E ambiente é hardware. Não há software inovador que possa rodar num hardware conservador. O hardware é a topologia. Se a topologia da rede social de uma empresa for mais centralizada do que distribuída, a empresa será mais conservadora do que inovadora. Não depende da vontade de seus integrantes.

Resumindo:

Você quer uma economia mais criativa? Então não adianta mudar o software (muito menos fazer um discurso todo updated): tem de mudar o hardware. Existem softwares que até podem mudar o hardware. Por exemplo, uma língua aprendida na infância modifica (fisicamente) a rede neural da criança. Mas, no caso de estruturas cristalizadas (como as redes centralizadas que existem nas nossas empresas), é preciso mudar o hardware mesmo.

Não adianta mudar a cabeça das pessoas. O cérebro é apenas a interface. Os programas conservadores, que coíbem a criatividade e impedem a inovação, estão rodando na nuvem social que chamamos de mente. Os modelos mentais são, na verdade, sociais. Ideias não mudam comportamentos: só comportamentos mudam comportamentos. Esses modelos só podem ser mudados pelas próprias pessoas, ao se relacionar de outro modo, de um modo mais distribuído do que centralizado, como aqueles estorninhos captados pelo belíssimo vídeo Murmuration. Assista.